10/11/2023
Importante site de notícias que cobre as áreas econômica e do agronegócio entrevistou o diretor-geral da Enersugar, Melchiades Terciotti, sobre o moderno modelo de negócio adotado pela usina e os projetos de ampliação da planta industrial a curto prazo. Confira abaixo a reportagem na íntegra:
Com remuneração diferenciada a fornecedor, Enersugar amplia moagem de cana
Empresa deverá ocupar toda a capacidade de sua usina em Ibirarema até a safra 2025/26
A Usina Enersugar, localizada em Ibirarema aproveitou suas primeiras quatro safras de operação para consolidar um modelo de negócios com remuneração mais atraente aos fornecedores de cana-de-açúcar. Agora, embalada pela forte alta dos preços do açúcar nos mercados externo e doméstico, pretende aproveitar a fidelização conquistada com essa vantagem para acelerar a ocupação de toda a capacidade de sua unidade de produção.
A empresa deu partida a suas atividades no início de 2019, quando as famílias de Dirceu Finotti, Dorival Finotti e Sylvio Ribeiro do Valle Mello Junior, produtores de cana, arremataram a unidade de Ibirarema em um leilão de massa falida. Em 2020, a Amerra Capital Management, companhia de investimentos com sede em Nova York, aportou US$ 25 milhões e passou a deter 30% da Enersugar, que ganhou fôlego para começar a ganhar uma escala maior.
De acordo com Melchiades Donizete Terciotti, diretor-geral da companhia desde o início das operações, na safra passada a moagem de cana alcançou 1,035 milhão de toneladas, 300 mil a mais que no ciclo anterior, e o faturamento chegou a R$ 300 milhões. “O objetivo é chegar a 2 milhões de toneladas na safra 2024/25. Portanto, até lá precisaremos de mais 500 mil toneladas”, afirmou o diretor-geral ao IM Business. A Enersugar não trabalha com cana própria.
As famílias fundadoras são responsáveis pela entrega de cerca de 300 mil toneladas, e o restante vem de fornecedores independentes. Atualmente, disse Terciotti, são 187 fornecedores independentes, número que deverá aumentar nos próximos anos. Na maioria dos contratos, a Enersugar oferece aos produtores rurais valores 10% superiores aos definidos pelo Conselho de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo (Consecana), composto por representantes de canavieiros, usinas e destilarias.
O Consecana terá alguns critérios para definição dos preços revistos, segundo acordo costurado pela Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) e pela União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia do Brasil (Unica) na semana passada, mas a intenção da Enersugar, até por sua origem, é continuar com um sistema vantajoso a seus fornecedores.
Em razão dos elevados preços do açúcar, todo o caldo de cana processado na unidade de Ibirarema, está sendo destinado à produção da commodity, que atingiu cerca de mil toneladas por dia. Só o melaço residual é usado para a fabricação de etanol, que continua oferecendo remuneração menor às usinas do Centro-Sul do país. Com o foco no açúcar, a expectativa de Terciotti é que o faturamento da Enersugar aumente para R$ 430 milhões no ciclo atual (2023), que vai terminar em dezembro.
Depois que 100% da capacidade atual da usina da empresa for ocupada, a tendência é que seja deflagrado um projeto para uma ampliação até 3,5 milhões de toneladas de cana por safra. Segundo o Terciotti, as licenças necessárias para isso já foram obtidas, os sócios-fundadores deverão ampliar sua área plantada de cana e novos fornecedores poderão ser incorporados.
Por Fernando Lopes/IM Business/InfoMoney