20/04/2024
Os números da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) divulgados em 12 de abril já haviam confirmado uma safra de cana historicamente recorde para o Centro-Sul. O 4º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira, 18, veio para confirmar o feito e estendê-lo para a produção nacional.
A produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2023/24 registrou 713,2 milhões de toneladas, segundo acompanhamento da companhia. No levantamento divulgado em novembro, o valor estimado era de 677,6 milhões de toneladas, portanto, houve um aumento de 5,3%.
Além disso, o volume representa um aumento de 16,8%, em comparação com o ciclo passado.
De acordo com o boletim, a área colhida também registrou um leve crescimento de 0,5%, estimada em 8,33 milhões de hectares, enquanto o rendimento médio teve um incremento de 16,2%, saindo de 73,65 mil quilos por hectare para 85,58 mil kg/ha.
As condições climáticas e os investimentos do setor proporcionaram esse resultado, com destaque para a recuperação da produtividade no Centro-Sul do país, segundo a companhia. No Sudeste, região que concentra a maior produção de cana-de-açúcar, houve aumento no volume colhido em 21%, quando comparada à safra anterior, totalizando 469 milhões de toneladas.
A área colhida reduziu 0,6%, enquanto a produtividade média aumentou, justificado pelas melhores condições climáticas e dos investimentos para a renovação das lavouras, com uma estimativa de 91,99 mil kg/ha, conforme o levantamento.
Já na segunda maior região produtora de cana, o Centro-Oeste, foi verificado pela Conab aumento tanto na área como na produtividade deste ciclo. As condições climáticas apresentadas proporcionaram o adequado desenvolvimento das lavouras, com um rendimento médio de 81,54 mil kg/ha, em uma área de aproximadamente 1,78 milhão de hectares.
O clima também beneficiou as lavouras do Sul, que apresentaram uma produtividade de 73,86 mil kg/ha, alta de 13,4% ante a obtida na temporada anterior. Após sucessivas reduções da área colhida, a Conab aponta que a atual safra também apresentou aumento de área, o que resultou em uma produção de 38,73 milhões de toneladas de cana.
Na região Nordeste, a estimativa da companhia foi uma produção de cana-de-açúcar de 56,48 milhões de toneladas, discreta redução de 0,7% quando comparada à safra passada. O aumento da área, continuando o movimento observado na safra passada de investimentos na recuperação de áreas anteriormente cultivadas, contribuiu para a produção semelhante à última safra, apesar da redução de produtividade, conforme aponta a Conab, Já no Norte, o incremento de área e as produtividades semelhantes à última safra resultaram em aumento de 3,1% na produção.
Produtos
A produção recorde de cana também reflete no aumento de fabricação dos subprodutos, segundo aponta o órgão. Com o mercado favorável ao açúcar, a maioria da cana foi direcionada para a produção do adoçante, estimada em 45,68 milhões de toneladas, representando um aumento de 24,1% em relação à safra passada e um novo recorde na série histórica, de acordo com o levantamento.
Apesar da priorização na produção de açúcar, o aumento da produção de cana dá suporte para um incremento na produção do combustível em relação à temporada 2022/23, segundo apontou a pesquisa.
O produto registrou um aumento de 11,9%, totalizando 29,69 bilhões de litros. Já o etanol de milho teve um aumento relevante de 33,1% em comparação à última safra, novo recorde de produção, resultando em um volume de 5,92 bilhões de litros do combustível, conforme a Conab.
Neste cenário, a produção total do combustível chegou a 35,61 bilhões de litros, aumento de 15% em relação à safra anterior. Desse total, 14,29 bilhões de litros são de etanol anidro e 21,32 bilhões de litros de etanol hidratado, segundo apontou a pesquisa.
Mercado
Com a produção recorde para o açúcar, as vendas do adoçante para o mercado internacional também atingiram os maiores níveis já registrados. No ano comercial da safra 2023/24 foram embarcadas pouco mais de 35 milhões de toneladas do produto, uma alta de 26,8% no volume comercializado na comparação com o mesmo período do ciclo anterior, conforme a Conab. O resultado foi um faturamento de U$ 18,27 milhões, segundo dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Além da produção elevada no país, importantes produtores como Índia e Paquistão tiveram menores embarques, o que beneficiou os produtores brasileiros, segundo a companhia.
Já o mercado para o etanol se apresentou mais desafiador, segundo apontou a entidade. As exportações registraram redução de 2,92%, atingindo 2,57 bilhões de litros. A queda foi influenciada tanto pelo comportamento do câmbio quanto do preço do petróleo, que nos últimos meses de 2023 passou a apresentar trajetória descendente afetando os preços da gasolina e consequentemente do seu principal concorrente, o etanol, segundo apontou o relatório.
Levantamentos da Conab
Ao longo do ano-safra, a Conab faz quatro estimativas da cana-de-açúcar.
Os números e o comparativo entre os levantamentos estão presentes em uma planilha completa no NovaCana DATA, que inclui gráficos e o histórico das safras desde 2014/15. O acesso é exclusivo para assinantes.
Fonte: Portal NovaCana