Com chuvas abaixo da média, produtor deve planejar o manejo do canavial

Segundo o Pecege Consultoria e Projetos, a temporada deve ser impactada pelas condições climáticas, com redução do tempo útil para o crescimento da cana colhida e plantas mais velhas

O mês de abril abre oficialmente a safra 2024/25 de cana-de-açúcar. Segundo o Pecege Consultoria e Projetos, a temporada deve atingir 597,92 milhões de toneladas processadas, ante 649,48 milhões de toneladas registradas no período anterior, uma redução de 7,94%.

De acordo com a consultoria, a região Centro-Sul será impactada por três fatores: chuvas abaixo da média, canaviais mais velhos e redução do tempo útil para o crescimento das plantas colhidas no fim da safra. Com isso, o canavicultor deve planejar o manejo do canavial de forma eficiente para maximizar a produtividade.

Para o economista Haroldo Torres, do Pecege Consultoria e Projetos, o início da safra teve uma mudança drástica da projeção que vinha sendo feita. “Inicialmente, havia uma expectativa de um elevado volume da cana bisada (que deveria ser colhida em uma safra, mas por falta de tempo será colhida apenas na temporada seguinte) e que a colheita seria antecipada”, afirma.

Segundo ele, entretanto, isso não ocorreu. “As condições climáticas adversas levaram ao atraso do desenvolvimento do canavial, outro ponto que levou a postergação no início da colheita”, aponta.

De acordo com o engenheiro agrônomo e gerente de marketing de campo da Linha Cana da Corteva, Lucas Ranalli, a cana de início de safra tem o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) mais baixos devido a sua fisiologia e ao clima.

“Para elevar esses índices, o produtor deve fazer a aplicação de maturadores. A ferramenta estimula a planta a aumentar a conversão e acúmulo de sacarose, que é o açúcar no colmo. Assim, é possível maximizar e melhorar a qualidade da matéria-prima”, exemplifica Ranalli.

Invasoras no canavial
Se confirmada a condição climática com uma redução da precipitação, pior distribuição das chuvas e temperatura elevada, pode ocorrer a infestação de plantas daninhas. Isso ocorre porque a brotação e o desenvolvimento da cana se tornam mais lentos.

“As invasoras podem surgir e causar prejuízos de até 80% à produtividade da cultura, principalmente em razão da competição por nutrientes, água e luz, além de afetar a qualidade da matéria-prima, a operacionalização da colheita e a longevidade do canavial. Por isso, seu controle efetivo é de extrema importância para a produtividade”, alerta Ranalli.

Em um ano de seca, outro problema que pode surgir no canavial é a isoporização, uma desidratação dos tecidos no colmo, que traz perda de peso final, gerando prejuízos do campo à indústria, entre eles, a redução da produtividade, do volume de caldo e do teor de sacarose.

Fonte: NovaCana