11/09/2024
Cultivares se adaptam a condições extremas, demonstrando um avanço expressivo nos últimos 29 anos
Nos últimos 20 anos, a área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil praticamente dobrou, passando de 5,2 milhões para 10 milhões de hectares. Esse crescimento foi acompanhado por uma média anual de 6,5 novas variedades de cana disponibilizadas por programas de melhoramento genético, liderados por instituições renomadas como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA).
Segundo o diretor do IAC, Marcos Landell, esse número é altamente significativo e reflete os esforços contínuos do setor em desenvolver variedades que melhor se adaptem às condições climáticas e de solo do país. “Nosso trabalho tem sido vital para disponibilizar variedades que se adaptam a condições extremas, demonstrando um avanço expressivo nos últimos 29 anos”, destacou.
Marcos Landell, do IAC
Esses avanços foram apresentados na última edição do Encontro de Variedades de Cana, realizado pelo Grupo Idea, nos dias 4 e 5 de setembro, em Ribeirão Preto-SP, que reuniu especialistas, pesquisadores e profissionais do setor sucroenergético. O evento foi palco para a apresentação de novas variedades de alta performance desenvolvidas pelo IAC, como a IAC 2361 (Nacional) e a IAC 6166 (Regional: Paraná, Ourinhos, Assis e MS), que devem ser lançadas ainda este ano e prometem revolucionar a produtividade e ampliar a presença da cana em áreas anteriormente consideradas marginais.
Landell também ressaltou o aumento expressivo das áreas cultivadas no Brasil, evidenciando a complexidade do cultivo da cana, uma cultura perene que permanece no campo durante todo o ano, enfrentando condições climáticas adversas.
David Casiero, do CTC, também compartilhou os avanços da instituição no desenvolvimento de novas variedades. O CTC investiu cerca de R$ 2 bilhões na última década em programas de melhoramento genético e tecnologias avançadas, como a fenotipagem digital, que utiliza drones para coletar dados precisos sobre o desenvolvimento das plantas.
David Casiero, do CTC
Entre as variedades apresentadas pelo CTC, destacam-se o CTC9006, CTC9008 e CTC3445, desenvolvidas para ambientes mais desafiadores, e o CTC9009, CTC9007 e CTC2994, voltadas para áreas de maior produtividade. Além disso, novos clones promissores como o CTGS 142519, CTGN 142578 e CTEP 153828 também foram introduzidos como potenciais soluções para o futuro do setor.
“Nosso foco é acelerar o processo de melhoramento genético e trazer soluções mais eficazes para os produtores, utilizando tecnologias inovadoras”, explicou Casiero.
Roberto Chapola, pesquisador da PMGCA/UFSCar/RIDESA, destacou a importância da rede, composta por 10 universidades federais e mais de 250 profissionais dedicados ao melhoramento da cana-de-açúcar. A RIDESA opera com duas estações de cruzamentos no Nordeste e mais de 100 bases de pesquisa espalhadas pelo Brasil.
O pesquisador enfatizou o papel fundamental do intercâmbio de materiais genéticos entre as universidades e a parceria com mais de 300 empresas do setor sucroenergético. “Nosso trabalho é colaborar para a criação de variedades que atendam às diversas condições climáticas e de solo no Brasil. Através das nossas bases de pesquisa e parcerias, conseguimos testar e melhorar variedades de diferentes regiões, beneficiando o setor como um todo”, afirmou.
Roberto Chapola, da PMGCA/UFSCar/RIDESA
Durante sua apresentação, Chapola revelou os resultados do Censo Varietal 2024, no qual 129 unidades produtivas dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul participaram. A RIDESA foi responsável por 53% dessas unidades, com destaque para as variedades RB966928, RB867515 e RB975242, amplamente cultivadas em todo o país.
Fonte: Andréia Vital/Jornal Cana