06/01/2025
A posição de liderança do Brasil no comércio internacional de açúcar será consolidada em 2025, ano em que se espera preços sustentados em um bom patamar tanto no mercado interno como externo. A perspectiva foi publicada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, na última quinta-feira, 2 de janeiro.
No mercado interno, pesquisadores do Cepea indicam que os valores devem seguir em patamares favoráveis, particularmente pela possível arbitragem entre os mercados doméstico e externo. Eles estimam que uma porção expressiva das exportações já foi fixada em patamares de preços elevados ao longo dos últimos meses.
“Além disso, a economia deve continuar crescendo, ainda que a passos curtos, devido à instabilidade macroeconômica, o que deve ser suficiente para absorver a oferta direcionada para o mercado interno”, complementam, em nota.
Para o mercado global, os pesquisadores acreditam que a demanda de mercados emergentes, como Paquistão e Indonésia, reforçada pela baixa reposição dos estoques mundiais nos últimos dois anos, podem sustentar os preços em patamares acima de 18 centavos de dólar por libra-peso na ICE Futures (Bolsa de Nova York).
“Historicamente, a queda na relação estoque-consumo tem sido um dos principais fatores de preços em alta, o que deve beneficiar as exportações brasileiras, somando-se a isso a expectativa de que o patamar do câmbio também pode continuar elevado”, observam.
Ainda de acordo com os estudiosos do Cepea, as tensões comerciais entre potências globais, como Estados Unidos e China, podem abrir novas oportunidades para o Brasil, tanto no mercado de açúcar quanto para o etanol.
“Em resumo, as perspectivas para o mercado de açúcar na região Centro-Sul do Brasil para 2025 são desafiadoras, mas promissoras”, afirmam e seguem: “Com uma demanda global robusta e a necessidade contínua de adaptação às condições climáticas e de mercado, o Brasil segue consolidado como um líder incontestável na produção e exportação de açúcar”.
Menor produtividade em 2025/26
Para a próxima safra sucroenergética 2025/26, que se inicia oficialmente em abril de 2025, os principais focos de atenção de agentes do setor brasileiro estão relacionados à qualidade e à produtividade da cana-de-açúcar, afirmam os pesquisadores do Cepea.
“As lavouras foram prejudicadas pelo clima adverso (quente e seco) ao longo de 2024 e pelos incêndios em agosto de 2024 na região Centro-Sul, especialmente no estado de São Paulo”, reforçam.
De acordo com os pesquisadores, consultorias e entidades são unânimes em apontar consequências do clima e da queimada para a temporada. Segundo eles, as preocupações recaem sobre o desenvolvimento da lavoura, especialmente as que serão colhidas entre abril e julho.
“Para a safra 2025/26, a moagem de cana-de-açúcar da região Centro-Sul já está menor e deve encerrar abaixo das previsões iniciais. O processamento é estimado em um intervalo de 581 milhões de toneladas a 620 milhões de toneladas, ambas com queda frente ao processado no ciclo anterior”, apontam.
“O clima seco e quente e os incêndios trarão seus efeitos sobre a produtividade, mas se espera que a safra 2024/25 sirva de modelo e oportunidade para a introdução de mudanças e avanços, sobretudo, na área agrícola”, Cepea
Mas, em termos de investimentos, a expectativa para 2025 é otimista. De acordo com os pesquisadores, novas usinas devem entrar em ação, especialmente em unidades localizadas no Centro-Oeste, dada a importância do Brasil como protagonismo na discussão da transição energética e na diversificação dos tipos de produtos.
“Em 2025 também deve entrar em vigor a Lei que estabelece que o percentual de mistura de etanol à gasolina passará a ser dos atuais 27,5% até os 35%, constatada a viabilidade técnica”, projetam.
Fonte: Nova Cana